domingo, 24 de abril de 2011

Canarinho.

O meu problema não é não cantar.
O meu problema é achar alguém que escute o que canto.

domingo, 17 de abril de 2011

Kms escondidos.

Eu tinha um amigo, de longa data, sabe? Bem longa.
Tanto que nem lembro quantas caminhadas nós demos sem ter um destino, só pela companhia um do outro.
Um dia, ao esperá-lo numa praça qualquer para mais uma caminhada, matava o tempo escrevendo besteiras, ou, como geralmente digo, as besteiras se escrevendo sozinhas. Fui interrompida pelo diálogo mais curto e que mais significou para mim.
-Você cortou o cabelo.
-Você notou? - Ninguém havia notado.
-Agora ele não cobre mais seu rosto enquanto você escreve.
A declaração mais doce que eu já havia recebido em toda a minha vida.

sábado, 16 de abril de 2011

Bar me tender.

Mesa de bar. Meu vizinho tamborila os dedos no balcão empoeirado.
São sete e meia, e meio coração me falta.
O motivo de vir aqui, caro bartender, não é diferente dos motivos dos outros.
Hoje eu chorei meu reservatório de lágrimas para causas que eu sabia serem perdidas.
Ele dança quando anda.
Ele flutua.
Ele flutuou para fora da minha vida com passos largos e apressados.
Outro carro o esperava lá embaixo e espero que seja o expresso para a felicidade.
Ele me deu o amor que eu merecia e eu dei a ele minha alma.
Na minha ida à biblioteca mais próxima, ótimo recanto de sonhadores perdidos, parei nesse bar.
A cor da parede é linda. Que cor é?
Azul cianureto.
Nome engraçado, não?
Será que se lamber suas paredes envenenarei qualquer resquício do que ainda sinto pelo dançarino?
Será que se beber essa dose de tequila, que agora tu me ofereces, esquecerei a ressaca de amanhã?
A ressaca do amor partido, do amor morto, do amor vivido.
Decidi entrar aqui pela cor da parede e pelo meu vizinho aqui.
Talvez alguém com menos esperança que eu me faça ver a metade do copo mais cheia.
Copos são feitos para serem vazios, vizinho?
Brindaremos então aos copos vazios do mundo.
Que eles continuem vazios como nossos corações deveriam estar.

Sensações

Com muito amor
Surge a paixão
Que está escrita
Em meu coração

Com muitos anos
Surgem os tempos
Que estão escritos
Em meus pensamentos

Com muita dor
Surge o amor
Pois é o que sinto
Em meu interior

Larissa aos 11 anos. Formatação mantida.

O guarda-sol

Uma aurora chorava
Dizendo
Devolva-me o sol, guarda-sol
Pois sem ele não sou vida
Não sou luz

E formarei belos dias de inverno
Lindas flores na primavera
Belos campos no outono
Mas nos dias de sol
Usarás guarda-sol e não me sentirás

Verás a minha luz
No início da manhã
E dirás: devolvo-te o sol
Pois sou guarda-sol
E não quero chorar.

Larissa aos 11 anos. Formatação mantida.

Dancing on a rainbow,

Dancei ao som da música das fadas
e terminei em braços mágicos.
Quem precisa de boa sorte
quando se tem boas noites?

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Filosofia de buraco.

Nesses dias, enquanto jogava buraco, comecei a pensar na relação entre o buraco e as pessoas e saiu isso.

Algumas cartas passam na mesa, são jogadas no lixo, compradas de novo no monte e nós nunca precisamos delas. Quando precisamos, elas estão nas mãos de outro jogador e é um parto pra ter aquela cartinha bobinha e renegada de volta.

E quando você tem essa cartinha renegada nas mãos e sabe que os outros a querem? Você não solta. Você até solta, mas só quando não dá mais pra segurar ou quando você quer bater pra pegar cartas novas.

O objetivo do jogo é bater. Fazer ponto também conta, mas bater é o mais importante.
Cartas novas na mão são super interessantes.

Às vezes você joga sozinho, as vezes você tem parceiros que te ajudam.
Às vezes seus parceiros fazem merda, as vezes eles são a salvação.

Algumas vezes você tem um jogo sujo, as vezes você quer limpar, mas as vezes você tá cagando pra ele.

Fim.

Essa foi uma besteira que eu pensei e saiu esse texto que não se parece com os outros que já foram postados aqui. Ficou mal escrito, mal pensado, mal trabalhado, mas vai que você gosta, né?

sábado, 9 de abril de 2011

Ti dos pseudos

E enquanto os outros contam nos dedos tuas qualidades, eu procuro outras mãos para contar.
E enquanto os outros pegam suas mãos e caminham contigo, eu vou atrás para ajudar em alguma topada.
Enquanto todos os outros te amam, eu n sei o que sinto por ti.


Procuro em outras peles seu perfume.
Em outras mãos o seu toque.
Procuro até não conseguir mais achar teus fios de cabelo presos no meu travesseiro.
Acho textos antigos meus corrigidos por você.
Nas bocas de outros eu me frustro.
Das mãos alheias eu me afasto.
Chorei tanto na noite passada que não consigo ver.
Mas sinto que não consigo ver há muito tempo.
Rabisco num papel frases pra você sorrir e sinto que nunca as direi.
Ensaio serenatas, aprendo valsas, danço ao luar.
Com estrelas brilhantes, sonhos apagados e tudo mais.
Leio poemas românticos e parecem escritos em outra língua.
Lembro de meus sonhos e parecem ser de outros.
Me vejo no espelho e queimo.
Talvez como cinzas eu seja levada pelo vento.
Quem sabe parar em braços onde eu possa me encontrar.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

desabafo réi

invento contos, aumentos pontos, penso nos encontros
ao contrário do que dizem, não sei se você gosta de mim
você joga os dados e eu me jogo em você
não ganho nem o prêmio mínimo.
Meus passos me levam a lugares onde já estive
minha mente viaja a cantos escuros
meus lápis desapontados escrevem textos desapontadores
é como se você tivesse prazer em me ver precisando de você.
é como se eu tivesse prazer em me esquecer.

domingo, 3 de abril de 2011

Mute.

Ele nunca vai saber
Que quando ele me deixou
Eu chorei por horas

Ele nunca vai saber
Que eu beijo seu travesseiro
E mando amor todas as noites

Ele nunca vai saber
Que quando o telefone toca
Eu corro pensando que pode ser...

Ele nunca vai saber
Que os pratos não saíram da mesa
E que as velas ainda não se apagaram

Ele nunca vai saber
Que enquanto ele olhava para outras
Meus olhos curiosos nunca quiseram outro

Ele nunca vai saber
Que suas mãos encaixavam nas minhas
Como as de nenhum outro encaixaria

Ele nunca vai saber
Que ontem eu tirei a ultima camisa dele
Do guarda-roupas

Ele nunca vai saber
Que eu nunca o amei
Como ele me amou
Eu nunca o beijei
Como ele me beijou
E que eu nunca vou esquecer
Como seus olhos pareciam
Da janela de onde eu olhava.